“Quando não existe conhecimento, existe medo. Estamos lutando contra isso, a informação é importante e estamos pedindo mais investimentos em educação para prevenir a hanseníase e evitar o preconceito”, respondeu Manushi. Para isso, a Miss Mundo conversou com os principais gestores públicos de Belém e do Pará, cobrando ações mais eficazes, principalmente no interior do Estado, onde a doença está com mais incidência.
Artur Custódio, coordenador nacional do MORHAN, lembrou que o Pará tem conseguido reduzir o número de casos novos, mas destacou que o estado falha ao fazer o diagnóstico tardio, “e isso agrava a situação dos pacientes porque ficam com sequelas, e o Estado não possui um atendimento eficiente para esses casos”, lamenta. “Temos encontrado crianças com hanseníase já com sequelas. Onde há crianças doentes, significa que há famílias doentes precisando de assistência”, lembrou Artur Custódio.
Depois de conhecer o centro de referência Marcello Cândia, Manushi Chhillar e Gabrielle pediram para visitar o abrigo João Paulo II, onde vivem os pacientes idosos. Eles são os antigos moradores da colônia de Marituba, para onde foram levados durante o período em que o isolamento compulsório era a política de saúde adotada pelo Brasil - triste capítulo da históra do nosso país. Na época, a doença não era tratada e os doentes ficavam esquecidos, longe da sociedade. Muitos permanecem no abrigo porque não tinham para onde ir quando a colônia foi desativada e convivem com sequelas graves.
Longe das câmeras e dos holofotes, as quatro Misses se emocionaram ao conhecer os ex-hansenianos idosos, mutilados pela doença a ponto de não saírem mais da cama e precisarem que outras pessoas cuidem deles. Elas conversaram com os idosos, deram carinho e atenção e depois choraram. “É muito triste ver essas coisas, mexe muito comigo porque lembro do meu bisavô, que faleceu com 90 anos e precisava de todos os cuidados. Fico muito triste ao ver que essas pessoas não tem famílias, que dependem dos outros e ainda assim conseguem ser felizes mesmo com tantos problemas”, avalia a Miss Pará Isabela Garcia, que também é estudante de medicina.